As criaturas abissais são seres realmente incríveis. Vivem em até 4000 metros, onde não há sol e a temperatura média é de 2 graus, não há alimento e a reprodução é difícil. As formas de vida são peculiares, as adaptações são assustadoras. Pelas dificuldades em encontrar alimento, algumas especies possuem boca e estômago capazes de engolir e digerir presas com o dobro do seu tamanho. É impressionante como conseguem sobreviver a esmagadoras pressões. Afinal, a 2000 metros, a pressão da água pode arrebentar um cilindro de mergulho. As adaptações são incríveis, muitos desses peixes desenvolveram sistemas orgânicos destinados a iluminar as trevas para atrair suas presas: possuem luzes no próprio corpo, que acendem e apagam como lanternas quando necessário. Nas profundezas não existem cardumes, em algumas espécies, ao encontrar a fêmea, os machos se fundem ao corpo da companheira, transformando-se em um depósito de espermatozóides e nada mais.
O Pachystomias, um peixe predatório chamado peixe-dragão (dragon fish), faz jus ao nome. Não solta fogo, é claro, mas tem uma série de células fosforescentes espalhadas na boca, ao longo do corpo e debaixo do olho. Eles possuem o que os especialistas chamam barbilhão, um fio que sai por baixo da mandíbula do peixe, com um farol na ponta. O Chauliodus (peixe-víbora), tem uma haste que é uma extensão dos primeiros raios da nadadeira dorsal e também luzes dentro da boca para atrair a presa direto ao estômago. Os olhos tubulares doAsgyropelecas, assim como do Stentoptyx, do Gigantura e ainda do Stylephora, sempre voltados para cima, enxergam contra a luz que vem da superfície a silhueta de seus inimigos e da refeição em potencial. OAsgyropelecus paciftecus emite luz verde e azul na mesma intensidade da iluminação procedente da superfície; portanto tornam-se invisíveis.
E quem pensa que nunca vai encontrar uma criatura dessas, saiba que muitos desses peixes se dirigem à noite à superfície para apanhar plânctons, filtrando grandes quantidades de água através da boca e das brânquias. Outros, carnívoros, desenvolveram dentes avantajados, boca articulada e enorme estômago para o seu pequeno tamanho, finos e compridos, não crescem mais de 30 centímetro. Os peixes do gênero Saccopharynx, parecidos com serpentes, têm a cabeça grande e uma boca que abre e fecha como uma tampa de lixo para engolir a presa. Há pequenos tubarões com grandes dentes embaixo da boca e pequenos em cima. São capazes de morder presas muito maiores do que eles próprios, arrancar um naco de carne do tamanho de metade de uma laranja e fugir deixando no lugar a marca feroz de sua boca. Nas profundezas do oceano, comer não é fácil nem frequente; desse modo, a satisfação dessa necessidade depende muito do que sobra da produtividade da vida na superfície. A falta de alimento obriga os peixes a serem particularmente vorazes a qualquer momento: eles desconhecem a saciedade.
Chauliodus (peixe-víbora): possui “luzes” dentro da boca para atrair a presa direto ao estômago.
Chiasmodon: Possui boca e estômago capazes de engolir e digerir presas com o dobro do seu tamanho.
Linophryne arborifera
Linophryne inica
Melanocetus sp.
Melanocetus johnsonii
Pachystomias (peixe dragão): Tem uma série de células fosforescentes espalhadas na boca, ao longo do corpo e debaixo do olho.
Saccopharynx: Parecidos com serpentes, têm a cabeça grande e uma boca que abre e fecha como uma tampa de lixo para engolir a presa.
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